Dizem os poetas que numa mulher não se deve bater nem com a mais delicada flor, dizem ainda que ela é a dona de tudo, que ela vale mais que o céu, que a terra e o mar. As mulheres, caros poetas que lhes fazem loas são decididamente as donas do mundo. Nós, os marmanjos somos dependentes delas em tudo, desde que somos gerados até nossas velhices, no entanto não é de hoje que elas sofrem discriminação, já vem dos primórdios de nossa história que elas são minoria em prestigio, principalmente no que diz respeito a heroísmo, vejamos os grandes heróis da Bíblia, são centenas de machos, as mulheres são quatro gatos pingados: Rute, Raquel, Sara, Judite, Maria, Ester, Débora, Verônica e pouquíssimas mais, a pobre da Madalena só por ser mulher de vida fácil no dizer atual não foi esfolada viva em praça pública porque teve a inteligência de lavar os pés do filho do Homem e enxugá-los com seus cabelos. Escapou fedendo e virou santa. Valeu a pena. Se eu o encontrasse já que não tenho cabelos, lamberia seus pés, sou doido pra ser santo sem muito trabalho. Segundo os escribas do Antigo Testamento os patriarcas bíblicos que pisavam na bola tinham oportunidades de falar diretamente com o Padre eterno para remir-se, as mulheres, pelo que me consta nunca tiveram essa oportunidade. Vejamos o caso de Maria que não pode falar com Deus para implorar que os Judeus não crucificassem o seu filho. No livro de Gênesis vemos o caso das filhas de Lot que após fugirem da cidade incendiada doidas para gerar fabricavam vinhos e embebedavam o pobre do velho e faziam sexo com ele, naquele tempo esse tipo de sacanagem não era pecado, hoje é, deveria ser o contrário. Mais adiante também no antigo testamento vemos o caso de José o filho de Jacó que após ser vendido por seus irmãos foi parar no Egito dentro da casa do Faraó e como ele era muito lindão – José, o belo – a mulher do Faraó, uma adultera passou a assediá-lo e ele de abestado nunca quis nada com ela, ela então desenganada e aporrinhada aprontou uma putaria contra ele e o Faraó o mandou para a cadeia, por lá ele passou a decifrar os sonhos para seus companheiros de cela e a história se espalhou e chegou aos ouvidos do Faraó que lhes deu crédito, pois nos sonhos existia a presença de sete vacas gordas e sete magras, sete espigas de milho banguelas e sete bem cheias de grãos, com a decifração destes sonhos que deram certo José virou Primeiro Ministro e a mulher do Faraó virou bandida, só porque tentou lhe botar uns chifres. Oh coisa besta! É a tal da marcação contra a mulher. Na guerra entre Filisteus e Hebreus a filistéia Dalila foi usada para se amigar com o Hebreu Sansão para cortar suas forças que estavam no cabelo, ele terminou, mesmo sem a cabeleira em herói e ela bandida, cadela e safada. Quando ele readquiriu suas forças anos depois com imensa cabeleira imunda, pois naquele tempo não existia xampu, ele botou abaixo um prédio que estava lotado de Filisteus em festa, morreram todos, inclusive ele. Na História moderna conta-se que foram os japoneses que criaram os Kami-Kases. Discordo dos historiadores. Há milhões de anos atrás Sansão foi o pioneiro.
Luiz de Camões, num de sues poemas escreveu o seguinte: “Sete anos de pastor serviu Jacó a Labão, Pai de Raquel, serrana bela, mas não servia ao pai servia a ela, e só a ela por prêmio pretendia.”
O Labão muito do sabido, após os sete anos em vez de entregar Raquel a Jacó lhe entregou Lia que era feia, zarolha e nariguda. Ela estava coberta de véus e quando Jacó descobriu a marmota era tarde demais, estava casadinho da silva, então para conseguir seu verdadeiro amor que era Raquel foi pastor de Labão por mais sete anos. Eu não entendo por que os escritores da Bíblia gostavam tanto do número sete, no caso de Jacó eles poderiam muito bem ter baixado para dois anos. A sorte de Jacó é que Labão não era pai de duzentas filhas, pois se assim tem ocorrido ainda hoje ele estaria sendo pastor para conquistar sua linda Raquel. Tudo isso é a malfadada marcação contra a mulher, os pais inescrupulosos vendiam as filhas feias por sete anos e as belas pos quatorze.
No mundo atual temos também nossas grandes mulheres, mas como as que constam no livro dos livros elas são também pouquíssimas: Na Índia Indira Gandhi, assassinada traiçoeiramente por homens, na Indonésia, Bangladesh e Paquistão; todos paises asiáticos são as mulheres que comandam o poder e em Mianmar, também na Ásia, Aung Son Suu é Nobel da paz, ainda na Índia temos Madre Tereza de Calcutá. Tirante as freiras todas demais herdaram o poder dos pais e eu suponho que isso só ocorreu porque eles não tinham filhos homens. Em Fortaleza temos a Rosa da Fonseca que poderá ficar famosa com o apelido de “língua de fogo”.
Na minha Camocim, uma das cidades mais belas desse país, por ser mulher é esquecida por homens de cidades maiores que poderiam ajudá-la a crescer com mais impulso, apesar de ainda nova já tem a lamentar assassinato de filhas suas cometido por homens, sem contar com muitas que foram surradas. Tenho um conhecido que sofre da síndrome de tabefadomania em cara de mulher, no inicio de 93 ele lascou um tabefe na cara de uma robusta senhora e fez carreira, ao passar por mim advertiu:
- Ninguém viu, ta ouvindo?
Vi e achei bonito, e o que é bonito deve ser relatado para quem não viu, sou contra esse tipo de egoísmo de ver as coisas ocorrerem e não contar e sou também contra a extinção do fuxico. Naquele momento baixou em mim o espírito de Nostradamus e eu previ que mais dia menos dia aquele tabefe seria revidado, passaram-se três anos e no dia dedicado a Nossa Senhora da Assunção para uns e Iemanjá para outros ele repetiu a façanha aplicando outro tabefe na cara de outra frágil senhora, poderia muito bem ter respeitado o dia da Santa e adiado a peraltice. No dia seguinte, a irmã e a sobrinha da vítima como que enviadas por Iemanjá e armadas com as flechas de Ogum e os raios de Xangô o abordaram, inicialmente deram-lhe uma surra conversada, foi tudo muito rápido, como as duas vítimas de quem já falamos ele não teve o direito de defesa. A mais velha ordenou para a mais nova:
- Tu cuida dos ovos que eu tomo de conta da cara! Vamos a luta!
E tome chute nos bargos! E tome bolsada na cara! Para felicidade dela e azar dele a bolsa estava cheinha de vidrinhos de perfume Avon. Dizem que são muito resistentes a pancadaria. Quando a turma do deixa disso conseguiu acalmar os ânimos, a mais velha por um pequeno descuido recebera uma porrada e estava com um olho no anil, quanto a ele estava com as lentes do óculos quebradas, - dizem que são caríssimas, - com o beiço levemente rachado e com os testículos em polvorosa. Foi assim que a briga terminou.
Quando criança eu ouvia minha vó dizer: “Homem que bate em mulher, a mão seca.” Se viva fosse hoje ela diria assim: “Homem que bate em mulher a mão embranquece.” Ou então, “Homem que bate na cara de uma dama, a mão fica branca”.
Fim
17/08/96
Fonte: CAMOCIM ONLINE.